quinta-feira, 26 de novembro de 2015

SISTEMA 25 no 17º FRTN com estréia de novos atores


De 21 a 29 de novembro de 2015, o Recife realiza a 17ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional, sob coordenação geral de Romildo Moreira, Chefe da Divisão de Artes Cênicas, da FCCR. (Romildo Moreira aprendeu com o tempo a fazer milagres e nem Santo ele é). Aliás, sobre o Festival sugerimos ler o blog Satisfeita Yolanda?

A primeira vitória é fazer o Festival. O segundo tento é fazê-lo em Homenagem a Valdi Coutinho, jornalista, crítico, dramaturgo, diretor, ator, professor de teatro. Militante das Artes. (Ver texto publicado).

No sábado, 28 de novembro, no Teatro Hermilo Borba Filho, em duas sessões às 18h e 21:30h estará em cena o nosso espetáculo SISTEMA 25. Para nós, uma excelente oportunidade, afinal nosso espetáculo é apresentado para somente 25 espectadores por sessão e nem sempre os organizadores de projetos aceitam tamanha limitação, mesmo que seja em decorrência da proposta de realização da obra.  

De nossa parte, ainda, destacamos a estréia de dois novos atores, Paulo André Viana (em substituição a Bile Ares) e André Xavier (em substituição a João Neto). Também registramos o retorno de Edinaldo Ribeiro, em substituição a Rogério Alves. Dando continuidade ao nosso processo de alternância de atores nas cenas, Breno Fittipaldi assume mais uma cena ao lado de Edinaldo Ribeiro. Ricardo Almeida (que por erro teve o seu nome omitido do programa oficial, continua no elenco, ativamente mergulhado no universo dos 25 homens preparados para morrer.

José Manoel Sobrinho

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

HOMENAGEM A VALDI COUTINHO – 17º Festival Recife do Teatro Nacional.

No programa oficial do 17º Festival Recife do Teatro Nacional, realizado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife está publicado um texto em homenagem a Valdi Coutinho, assinado por José Manoel Sobrinho, diretor dos espetáculos SISTEMA 25 e Como a Lua, ambos participantes da programação, motivo pelo qual o transcrevemos a seguir associando-nos à justa homenagem.


“VALDI COUTINHO EM CENA ABERTA ESTE ANOS”

Meu querido Valdi Coutinho

Sei que muitos gostariam de ter a oportunidade de escrever sobre e para você, como estou fazendo agora e por isso quero agradecer a Prefeitura do Recife porque terei a chance de falar-lhe sobre como todos nós somos gratos a você e como estamos em festa por essa homenagem.

Um Festival de Teatro merece ser lembrado pelos valores que agrega, e homenagear você, Valdi, significa reconhecer a importância de um dos artistas e profissionais da comunicação mais significativos para este Estado. Como nos faz falta a leitura dos seus textos nas páginas dos jornais com suas análises provocantes, suas notícias atualizadas, sua força crítica. Como faz falta ler seus comentários. Qualquer pesquisador da História do Teatro Pernambucano inevitavelmente passará pelos seus escritos, publicados na imprensa de Pernambuco, principalmente na sua coluna diária, Cena Aberta, do Diário de Pernambuco. Um profissional que escrevia sobre tudo, sem nunca deixar de ressaltar suas opiniões sobre os fatos, muitas vezes em absoluta exposição pessoal por causa de sua sincera abordagem. Aliás, as provocações eram muitas.

Você foi presidente do Teatro Ambiente do Museu de Arte Contemporânea de Olinda, nos anos 70 ( auge e efervescências política da cidade), depois, Diretor de Cultura de Olinda. Colunista teatral, mas que pensava sobre dança, música, artes plásticas, política cultural, gestão pública; Você, uma liderança política ligada ao movimento organizado da arte e da cultura que compôs o grupo de trabalho para o surgimento da Federação do Teatro de Pernambuco – Feteape, tendo sido seu secretário, quando este era um dos movimentos mais importantes do país; repórter esportivo do Diário de Pernambuco, tendo acompanhado 3 copas do mundo de futebol; artista plástico (saudade dos seus quadros, seus desenhos a bico de pena), carnavalesco (saudades de sua casa da Ladeira 15 de Novembro, de Olinda e do nosso A Lira das Mimosas), criador do Baile dos Artistas (juntamente com Marcos Siqueira), dramaturgo, ator (excepcional, muitas risadas com Dona Custódia Arroubas de Os Mistérios do Sexo), professor e diretor, foi responsável pela origem de muita gente no teatro local. Assim como eu, originário do Teatro Experimental de Olinda, importante grupo de teatro criado por você, nos anos 70.

Você construiu e coordenou relevantes projetos, como o Projeto Teatro Comunitário, Protec, em parceria com a Companhia de Habitação de Pernambuco (COHAB) abrindo espaço para muitos jovens em Recife, Olinda, Igarassu e Arcoverde se dedicarem a prática do Teatro. Minha primeira viagem a Arcoverde, em 1977 foi em sua companhia; nunca mais deixei de ir lá.

Nos anos 90, Valdi dedicou-se a função de professor de teatro com atuação junto a Arteviva, para a formação de jovens artistas que hoje atuam na cena local e nacional.

Desculpe me utilizar de um espaço tão público e oficial para falar de maneira tão íntima, mas foi a forma que encontrei para declarar o meu amor por você, Valdi, e de, em nome de todos agradecer pelos anos de dedicação, transpiração e trabalho e, também para lembrar ao Recife que você continua sendo um dedicado parceiro porque todo mês o Jornal A ribalta nos chega assinado por você, sob a chancela do Sated-PE.

Dedicar este Festival a você, Valdi, é prestar uma homenagem ao trabalho, à festa da arte, à resistência e à coragem. Se tivesse que sintetizar você em uma palavra, seria Superação, mas você é múltiplo.

Um forte abraço,

José Manoel Sobrinho.

Novembro de 2015

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Curta temporada no Experimental

Espetáculo que reflete a situação carceraria por ângulos pouco visíveis, em um embate humano, a partir das relações cotidianas, volta em curta temporada no Espaço Experimental
Imagine entrar numa cela de um dos muitos presídios desse Brasil, para um dia de visitas e se deparar no meio do caos de uma pretensa rebelião, vivenciando como um pretenso encarcerado as situações daquele lugar, onde estão “...Vinte e cinco homens empilhados, espremidos, esmagados de corpo e alma entre grades de ferro e paredes úmidas e frias, num cubículo onde mal caberiam oito pessoas e seus desesperos, seus tédios, suas desesperanças e o tenebroso ócio”. Esse é o ponto de partida para o espetáculo Sistema 25, com direção de José Manoel Sobrinho, em dramaturgia produzida nos laboratórios de ensaio pelos próprios atores e que volta em curta temporada no Espaço Experiemental, que fica na rua Tomazina, Recife Antigo, de 03 a 05 de julho, sendo sexta às 20h, sábado às 15h e às 19h e domingos às 19h, com o indicativo de que apenas 25 espectadores por sessão podem assistir.
 O ingresso custa R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (estudantes, professores, idosos), sendo esta uma realização do Grupo Calabouço de Teatro, sem nenhum investimento público ou privado.  
 Concebido para ser uma alegoria, anárquica, irônica, de delírios e devaneios, de lirismo deformado, não realista, incendiária sem que exatamente o fogo tenha que ter chamas, o Sistema expõe algumas questões vivenciadas por homens nas penitenciarias do país. A narrativa composta pelo próprio elenco explode questões sociais, alicerçadas na formação social, cultural e política. Não é levantar uma bandeira, mas um questionamento sobre os sistemas nos quais estamos inseridos. 
"Muitas inquietações provocaram a montagem dessa obra. Os atuais sistemas de financiamentos governamentais para as artes, o sistema penitenciário e as constantes rebeliões, o sistema judiciário e a fragilidade de sua inoperância, os processos de criação e manutenção dos espetáculos e a relação do público com o teatro.", explica o diretor José Manoel Sobrinho.  
Em 12 meses de ensaio, experimentos, jogos, seminários, debates, estudos e exercícios, onde a dramaturgia foi escrita pelos atores a partir de provocações da direção com base no conto Inútil Canto Inútil Pranto pelos Anjos Caídos/Em Osasco, de Plínio Marcos. Foram construídas 30 cenas e 07 canções originais, vivenciadas por 25 atores, que se revezam nos mais singulares e comuns encarcerados, para compartilhar com 25 espectadores, por sessão, questões como tortura, solidão, disputa de poder, saudades, drogas, companheirismo, violência sexual, entre tantas outras problemáticas sociais, imersos em um mesmo espaço, num jogo onde todos – atores e espectadores – dividem a mesma geografia.
A direção musical é de Samuel Lira, e no elenco estão atores com as mais variadas vivências cênicas, sendo eles Alberto Braynner, Beto Nery, Billé Ares, Breno Fittipaldi, Bruno Britto, Cláudio Siqueira, Eddie Monteiro, Emanuel David D´Lúcard, Flávio Santos, Geraldo Cosmo, Guto Kelevra, Hypolito Patzdorf, João Neto, Marcílio Moraes, Neemias Dinarte, Nelson Lafayette, Nildo Barbosa, Normando Roberto Santos, Otacilio Júnior, Pedro Dias, Ricardo Andrade, Robson Queiroz, Rogério Alves, Samuel Bennaton e Will Cruz.
Nesta terceira temporada denominada Temporada de Processo nº 03, o espetáculo continua em um lugar inacabado, um estágio das vivências, em fase de experimentação, jogo de convivências e caminhos para um debate político-social dos sistemas existentes dentro e fora das grades. Agora mais 100 pessoas poderão assistir o Sistema 25, distribuídas em 04 sessões.
INGRESSOS PARA O SISTEMA 25
01 - Solicitar via inbox do facebook.com/sistemavintecinco, informando: dia, horário, se inteira ou meia, um email e telefone de contato;
02 - O solicitante receberá uma mensagem – inbox e por email – confirmando a pré-reserva e com a conta para deposito ou que está na lista de espera;
03 - O solicitante, depois de realizado o deposito, deverá enviar – no inbox ou no email – o comprovante de deposito, para garantir sua reserva.
04 - A produção confirmará a compra, enviando para o solicitante – pelo inbox e pelo email – os ingressos, nominal e com numeração específica.
Espaço Experimental – Recife Antigo 
03 de julho, às 20h 
04 de julho, às 15h e 19h
05 de julho, às 19h 
Ingressos R$ 50,00 e R$ 25,00

quarta-feira, 1 de julho de 2015

INGRESSOS PARA O SISTEMA 25

Sistema 25 
Temporada Processo nº 03
Espaço Experimental / Rua Tomazina – Recife Antigo
Dia 03/07 às 20h // Dia 04/07 às 15h e 19h // Dia 05/07 às 19h
Ingresso: R$ 50,00 e R$ 25,00 (estudante/professor/idoso)

01 - Solicitar via inbox do facebook.com/sistemavintecinco, informando: dia, horário, se inteira ou meia, um email e telefone de contato;
02 - O solicitante receberá uma mensagem – inbox e por email – confirmando a pré-reserva e com a conta para deposito ou que está na lista de espera;
03 - O solicitante, depois de realizado o deposito, deverá enviar – no inbox ou no email – o comprovante de deposito, até o dia 02 de julho, para garantir sua reserva.
04 - A produção confirmará a compra no dia 02 de julho, enviando para o solicitante – pelo inbox e pelo email – os ingressos, nominal e com numeração específica.
A produção no dia 02 de julho, também entrará em contato com a lista de espera no caso de vagas.

sábado, 13 de junho de 2015

NÃO É PLÍNIO MARCOS

foto Camila Sérgio
 por José Manoel Sobrinho

Acostumei-me, durante minha infância no Sítio Serra dos Bois, em Bezerros, Agreste de Pernambuco a assistir madrugada adentro as Cantorias de Pé de Parede. Nestas cantorias o que mais me impressionava era a quantidade de motes que o povo escrevia, colocava nas cuias ou chapéus juntamente com cédulas curtas ou moedas e que, de imediato, eram improvisados pelos cantadores. Uma maestria, coisa de gênio, habilidade que me deixava impactado. Nunca consegui improvisar assim, fazia motes ingênuos e românticos, pouco provocativos, pouco criativos. Desisti rápido. Mas aquilo ficou na minha memória para sempre. Mais, ainda, a vontade de improvisar. Talvez por isso anos depois eu tenha me transformado em professor da disciplina Improvisação para o Teatro, nos Cursos de Teatro do Sesc - Serviço Social do Comércio, e no Curso Básico à Formação do Ator, da Fundação Joaquim Nabuco - Fundaj, em Pernambuco e seja um atento leitor da pesquisadora Viola Spolin.

Com o SISTEMA 25, resguardando-se as diferenças culturais e temáticas, tudo foi muito parecido, os motes eram retirados da obra de Plínio Marcos, dramaturgo de São Paulo e, a partir desses motes, na sala de ensaio as cenas foram sendo escritas:

“Eram vinte e cinco homens empilhados, espremidos, esmagados de corpo e alma, num cubículo imundo onde mal caberiam oito pessoas.”

“Eram vinte e cinco homens colocados no imundo cubículo para morrer. Para morrer aos poucos. Para morrer de forma que parecesse natural.”

“Para morrer sem estremecer as relações internacionais dos cidadãos contribuintes.”

Com este tema na cabeça e as ideias promovidas pelos motes, iniciamos o processo de trabalho. Vale aqui lembrar que durante anos eu estive como artista e gestor cultural envolvido na realização dos Projetos Alvará de Expressão e Coringa, uma ação colegiada do Governo de Pernambuco (gestão Miguel Arraes de Alencar) juntamente com a Federação do Teatro de Pernambuco - Feteape, e aportes dos Ministérios da Justiça e Cultura, e que a questão do Sistema Penitenciário sempre esteve presente nas abordagens de meu trabalho. No começo deste processo o desejo era de retomar o tema em consequência das graves crises, porque passa o modelo de gestão do sistema prisional brasileiro e suas casas de fazer criminosos. Não se faz educação por metro quadrado, muito menos com pessoas entulhadas em restos de espaços destinados mais à morte do que à vida.

Quem agora assistir ao espetáculo vai perceber que houve um desvio de intenção, porque não é deste tema que trata o SISTEMA 25 e sim da condição de vida extrema e de como qualquer pessoa, independente de estar encarcerado no sistema prisional, desequilibra-se diante de uma vida sem perspectiva. A desordem e o caos constituem outros SISTEMAS para além das cadeias e presídios.

Mas, voltando ao processo...
Nos últimos tempos me reaproximei dos Motes de minhas memórias afetivas quando da realização das Jornadas Literárias Portal do Sertão e Chapada do Araripe, projetos do Sesc Pernambuco que eu criei e coordeno, especialmente quando Cida Pedrosa e Sennor Ramos, curadores das Jornadas, começaram a inserir na programação as Mesas de Glosa, espaços de expertise, desafios que são genialmente vencidos por glosadores exímios, homens e mulheres dotados de excepcional capacidade criativa. Em outra dimensão, ouvir Zé Brown e Júnior Baladeira, mestres do Rap, com suas habilidades de improviso também me serviram de referência e inspiração para conduzir os ensaios que geraram o nosso espetáculo. Mas, atenção, esteticamente não há nenhuma aproximação entre estas tendências da arte, elas serviram de estímulo para a minha condução do processo, na minha solidão criativa.

Conheço a obra de Plínio Marcos, “o poeta do submundo, o dramaturgo maldito ou simplesmente, o repórter de um tempo mau...”, dirigi nos anos 90 o seu Jesus Homem, assisti a muitas montagens de seus textos para o teatro, também conheço o seu livro Inútil Canto e Inútil Pranto pelos Anjos Caídos, ficando particularmente aficionado pelo conto Em Osasco, sobre homens presos em uma cela de pequenas proporções, seus dissabores e desesperos e sobre seu estado limite de convivência e de desumanidade. Este foi o nosso ponto de partida, a “Cena da Origem”. Do conto Em Osasco identificamos os nossos Motes para a série de improvisos de onde emergiriam as cenas, suas personagens e posteriormente os discursos, os textos dramáticos.

Por aproximadamente 12 meses mergulhamos nas dores e odores destes homens, testosteronas agitadas, pulsações firmes, oscilações da alma, inteligências provocadas de onde muita arte surgiu. No espetáculo, agora em pé, pouco mais de 30% de tudo o que foi criado nos laboratórios de experimentação é que está em cena. Os outros 70% ficaram na memória de seus criadores, nos registros e rabiscos guardados em algum caderno de anotação ou se perderam na vastidão das subjetividades.

foto Camila Sérgio
Estrutura do Espetáculo 
Cenas por ordem de acontecimento no palco
Cena 1 – Prólogo – Cela. Música, Hino de Pernambuco (1908), letra de Oscar Brandão da Rocha e música de Nicolino Milano. Dramaturgia de José Manoel Sobrinho.
Cena 2 – Anunciação, dramaturgia de Will Cruz.
Cena 3 – O Guarda-Chuva, sobre mote de Plínio Marcos, dramaturgia de Samuel Bennaton. Música Alma, letra e melodia de André Filho.
Cena 4 – Cena Intermitente, dramaturgia de Samuel Bennaton.
Cena 5 – As Pragas da Pele e da Mente, sobre mote de Plínio Marcos, dramaturgia coletiva.
Cena 6 – O Carrasco, dramaturgia de Geraldo Cosmo e Beto Nery.
Cena 7 – Confissão, sobre mote de Plínio Marcos, dramaturgia de José Manoel Sobrinho.
Cena 8 – Mercado Aberto, 1ª parte, dramaturgia de presos brasileiros, anônimos.
Cena 9 - Ensaio Sobre o Amor, dramaturgia de Emanuel David D’Lúcard.
Cena 10 – O Homem Deus, dramaturgia de Marcílio Moraes.
Cena 11 – O Bloco, dramaturgia coletiva.
Cena 12 - Mercado Aberto, 2ª parte, dramaturgia de presos brasileiros, anônimos.
Cena 13 – Um Nuevo Tango, dramaturgia de Bruno Britto, Robson Queiróz e Emanuel David D’Lúcard. Música Tenho que te amar, de Geraldo Maia, com letra de Emanuel David D’Lúcard.
Cena 14 – Cartas: Inútil Espera, dramaturgia de Breno Fittipaldi e José Manoel Sobrinho. Música Amor Partido, de Eduardo Espinhara, Thyago Ribeiro e Romildo Luis.
Cena 15 – Alvará de Soltura, dramaturgia de Cláudio Siqueira e José Manoel Sobrinho.
Cena 16 – Reduto, dramaturgia de Marcílio Moraes.
Cena 18 – Patriota, (cena ainda inacabada) sobre tema proposto por Billé Ares.
Cena 18 - Códigos, dramaturgia de Emanuel David D’Lúcard.
Cena 19 – Ensaio Sobre a Força, dramaturgia de Emanuel David D’Lúcard. Música O Tempo, de Eduardo Espinhara, Thyago Ribeiro e Romildo Luis.
Cena 20 – Dama de Copas, dramaturgia de Edinaldo Ribeiro.
Cena 21 – O Amante de Carminha, dramaturgia de Eddie Monteiro e Will Cruz.
Cena 22 – Tatuagem, dramaturgia de Will Cruz e Edinaldo Ribeiro.
Cena 23 – Segredos da Bíblia, dramaturgia de Neemias Dinarte e José Manoel Sobrinho.
Cena 24 – O Sapato, dramaturgia de Eddie Monteiro, Will Cruz e José Manoel Sobrinho.
Cena 25 – Ensaio Sobre a Dor, dramaturgia de Emanuel David D’Lúcard.
Cena 26 – La Libertad, dramaturgia de Marcílio Moraes, sobre mote de Plínio Marcos. Música O Fogo, letra e melodia de André Filho.
Cena 27 – O Fogo, dramaturgia coletiva.
Cena 28 – Anjo Incestuoso, dramaturgia de Marcílio Moraes, sobre mote de Plínio Marcos, música Anjo Vindouro, de Geraldo Maia, letra de Marcílio Moraes.

Cena 29 – Zat – Zona Autônoma Temporária, 1ª parte, dramaturgia de Samuel Bennaton.
Cena 30 – Epílogo - Zat – Zona Autônoma Temporária, 2ª parte, dramaturgia de Samuel Bennaton. Música, Hino de Pernambuco (1908), letra de Oscar Brandão da Rocha e música de Nicolino Milano.
A articulação dessas dramaturgias foi realizada por todo o elenco, com participações relevantes de Emanuel David D’Lúcard, Samuel Bennaton, Will Cruz, Eddie Monteiro, Breno Fittipaldi, Neemias Dinarte, Beto Nery, Robson Queiróz, Bruno Britto e José Manoel Sobrinho. Organização de José Manoel Sobrinho.

terça-feira, 9 de junho de 2015

As Dificuldades para Assistir ao Sistema 25

foto Camila Sérgio
As curtas temporadas realizadas pelo espetáculo Sistema 25 têm gerado questionamentos quanto à dificuldade para ser ter acesso à informação, mais precisamente para se conseguir um ingresso que permita o acesso ao Teatro. Pois bem, se é difícil para o público, mais difícil é ter o espetáculo e não conseguir apresentar.
Vejamos os motivos:
- Primeiro não tem teatro disponível, principalmente pela configuração atípica do espaço cênico;
- Segundo, os espaços mais alternativos tem a possibilidade de ocupação, mas as estruturas de iluminação são incompatíveis com o projeto criado por Luciana Raposo, exigindo locação de equipamentos;
- Terceiro, esta é uma montagem realizada sem nenhum tipo de patrocínio e as despesas necessitam ser cobertas e, como são apenas 25 espectadores as receitas de bilheteria são insuficientes para cobrir as despesas com pagamentos de pautas e locações de equipamentos aumentando o tamanho do desafio que é manter a peça em cartaz;
- Quarto, sendo um espetáculo com 25 atores e 6 técnicos é um desafio espetacular articular as agendas.
Por isso pedimos desculpas e nos comprometemos a articular novas temporadas e comunicar nos veículos de comunicação priorizando as solicitações.
Finalmente, informamos que ESTÃO ESGOTADAS as 9 sessões previstas para esta Temporada de Processo Nº 2, no período de 6 a 14 de junho e que teremos Novas Temporadas nos dias 3, 4 e 5 de julho, 31 de julho, 1 e 2 de agosto, em locais a serem confirmados.
José Manoel Sobrinho

segunda-feira, 11 de maio de 2015

SISTEMA 25: TEMPORADA DE PROCESSO Nº 2

Concluída a primeira “Temporada de Processo”, com 07 apresentações do espetáculo, no Teatro Marco Camarotti, para um total de 165 expectadores (o limite máximo por sessão é de 25), agora mais 225 pessoas poderão assistir, distribuídas em 09 sessões, novamente no Teatro Marco Camarotti,  nos dias 06, 07, 12, 13 e 14 de junho, no que está sendo denominada de “Temporada de Processo Nº 2”.


O intervalo entre as apresentações foi preenchido na sala de ensaios, se antes o tempo de duração foi de 2:20h, com 27 cenas e 5 músicas, nesta Segunda Temporada o tempo passa para aproximadamente 3h, com 30 cenas e 7 músicas, além de alteração no elenco. Sai Marinho Monteiro (O Sapateiro) e em seu lugar entra Rogério Alves, também responsável pela coreografia da cena Tango. Marinho Monteiro saiu do processo por motivos profissionais e deslocamentos temporários do Recife. Outra mudança, se antes a execução instrumental fora ao vivo, nesta temporada será gravada com os atores cantando ao vivo.

Uma questão entrou em pauta com mais força: qual o lugar do público no jogo? No experimento é possível que algumas mudanças aconteçam na relação entre os 25 atores e os seus 25 expectadores. O expectador criativo é uma meta, mas na compreensão dos artistas o espetáculo não tem facilitado esta relação, ainda há um engessamento físico do público e a proposta pretende estimular maiores deslocamentos no jogo, não implicando necessariamente em deslocamento físico, mas emocional, criativo. O maior desafio está nas mãos do Encenador e de seus Assistentes.

Também, nesta curta temporada será realizada uma pesquisa para identificar o perfil do público frequente, de modo que seja possível conhecer melhor estes espectadores.


José Manoel Sobrinho
           - Encenador

segunda-feira, 20 de abril de 2015

UMA DRAMATURGIA POLISSÍLABA,

ECOS DE ATORES-DRAMATURGOS
                                                                           foto Rogério Alves
A primeira orientação para mim mesmo: não replicar Plínio Marcos. Ele funcionaria como uma espécie de alter ego, uma inspiração, nenhum compromisso com o real cromatismo proposto por sua dramaturgia. A criação de novos códigos, senão novos, ao menos, códigos que refletissem o universo do grupo. O espetáculo de algum modo deveria estar pautado nas inspirações e no trabalho dos atores e técnicos mergulhados nesta experiência. A segunda orientação fora para expurgar qualquer certeza, jogar fora qualquer verdade absoluta, nenhuma certeza. Terceira diretriz, pensar o lugar do público, como lidar com ele. Este mais que um desafio, uma inquieta busca de alternativas. A quarta pontuação estava voltada para o tema central, nada de afirmações do tipo, “marginal”, nem vítima, nem vilão. Cada um tem sua prisão, cada um tem sua visão sobre a prisão, cada um tem um “olhar sobre”, uma visão de fora. O olhar do outro sobre o preso. Outra meta, não deveria existir personagens, somente ação. Mas ação de quem? Dos presos comuns, outra vez a afirmação-negação: na nossa cabeça todos estão mortos, empalhados, porque a perda de poder é igual a perda de forças. Aliás, medição de força é uma questão dramatúrgica.

A escrita dramatúrgica necessita dizer, de algum modo, o que une, na solidão de cada um. Apontar para um jogo que mostre uma cadeia de relações. O espetáculo necessita parecer que é uma história não escrita, com muitas imprevisibilidades, do contrário estará esgotado em seu nascedouro. Este é um espetáculo de muitas vozes, uma palheta de cores em decomposição, “pequenas peças dentro de uma peça”. Quando afirmamos que o espectador pode sair temporariamente, dormir, voltar, é porque a dramaturgia apresenta um recorte com muitas individualidades. São curtas cenas que juntas constituem uma grande cena, múltipla e prenhe de antagonismos, mas você pode perder pedaços que não sofrerá disfunções comunicativas.

                                                                         foto Rogério Alves
Os atores-dramaturgos-narradores são responsáveis por cada cena articulada, partindo do corpo e do tema construíram textos cênicos, partituras de ação. Foram tocados pelo furor de Plínio Marcos e construíram a dramaturgia os artistas Beto Nery, Breno Fittipaldi, Bruno Britto, Edinaldo Ribeiro, Eddie Monteiro, Emanuel David D’Lúcard, Geraldo Cosmo, José Manoel Sobrinho, Marcílio Moraes, Neemias Dinarte, Normando Roberto Santos, Robson Queiróz, Samuel Bennaton e Will Cruz. Há, ainda, fragmentos de Plínio Marcos e autores anônimos, pois transcrevemos uma conversa ao telefone entre dois presidiários no jogo malicioso da venda de produtos falsos, um golpe atual e contumaz. O exercício de dramaturgia transformou-se em uma experiência na zona do risco. Um grande risco porque a maioria dos atores-autores são remanescentes de uma tradição teatral, inclusive o encenador. Qual o lugar do espectador é o principal desafio e estamos longe de obter respostas. Há muitas controversas.

A Temporada de Processo, segunda etapa do jogo, nos fez perceber a nossa vulnerabilidade e somente tem acentuado as nossas dúvidas e incertezas. Nenhum caminho nos parece definitivo. O lugar do espectador parece ser o imponderável, ainda muito manipulado. Nosso espetáculo ainda manipula o que assiste e essa relação de dominação em princípio não é de nosso interesse. Falta-nos convicção, crença, técnica e tranquilidade para abrir mão das formas e ensejar a instabilidade que tanto buscamos. O espetáculo é incompleto, inconcluso, cheio de vulnerabilidades. Literalmente, muitas micro cenas ainda não foram inseridas, assim como várias músicas. Mas que fique claro, isto é do processo. Faz parte de uma estratégia. Remete ao sentido de treino. Não é um ato negligente.

                                                                         foto Rogério Alves
É sempre muito tenso montar um espetáculo e uma das metas era aprender a conjugar outro verbo, processar. E em segundo tempo, tolerar. Uma jornada de quase um ano, mas somente na semana de estreia estava todo o elenco presente. Os treinos foram realizados por blocos, em pedaços, por cenas, para depois reunir o coro de homens em frenética algazarra. Um séquito masculino com véus e tudo. Energia masculina ao extremo, no entanto malhada de alma feminina. Paradoxos. Um controle de frequência demonstrava os riscos do empreendimento, uma zona de areia movediça por onde a experiência transitava. Mas isso é assunto para outra reflexão.

José Manoel Sobrinho 
      – Coordenador da Dramaturgia. 2014/2015.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

SISTEMA 25: Um Manifesto!


"Não sei como é em outros lugares, mas aqui na terra há vários tipos de silvos"          foto: Rogério Alves















As Motivações para a proposta
Sem muita regularidade tenho dirigido espetáculos em Recife, os últimos sempre com o aporte do Funcultura, Fundo Estadual de Cultura, do Governo de Pernambuco, Secretaria Estadual de Cultura, Fundarpe, o que tem sido vital para podermos criar os espetáculos e manter curta temporada, de no máximo 12 apresentações. Cumpridas as etapas de criação e de breve temporada tem sido comum entrarem os espetáculos em uma sombria zona de apatia e de degredo, porque as oportunidades são poucas e com o tempo rareiam levando todo o esforço coletivo para o esquecimento. O Funcultura, assim, torna-se com exceções, evidentemente, o aporte para que se faça um espetáculo e por aí para. Os Produtores não conseguem sair desta armadilha, ficam reféns de uns poucos projetos ou festivais, quando muito uma viagem aqui, outra acolá. E instaura-se uma crise porque não há sobrevida para o espetáculo e encenadores, artistas e técnicos vem-se, rotineiramente diante de um morto-vivo, o resultado de meses de trabalho fica congelando, definhando, amarelando. Não rara é a frustração, como também o surgimento de litígios entre artistas e produtores. Aqueles, na maioria das vezes rotulam estes de inoperantes, ineficientes e sem proposição para a manutenção do espetáculo. Alguns produtores mais ousados rompem esta lógica, mas são poucos. Esta realidade me perseguiu em quatro das seis montagens que dirigi nos últimos tempos. Duas sobreviveram um pouco mais porque havia o suporte de um grupo, dando alguma sustentabilidade, mas mesmo assim sem muita consistência.

"O carrasco não tem pressa, ele é paciente"
foto: Rogério Alves 
Os debates e os embates levam a diversas questões, algumas pedagógicas, mas a maioria são polêmicas, afinal por que e para que se faz teatro hoje em Pernambuco? E para quem? Existe fidelização de público? Há mercado? Há a profissão de ator e encenador quando não existem as garantias mínimas de trabalho continuado? É correto depender unicamente dos recursos do Funcultura? E a iniciativa privada tem papel ativo no conjunto das práticas teatrais, atualmente? São questões que permanecem sem respostas dos coletivos. As políticas públicas de cultura são eficazes o suficiente para suprir as demandas das categorias? É de fato verdade que os artistas tem um espírito assistencialista, que gostam de ficar reféns do estado, que não criam alternativas para autonomia e independência? Quais as motivações para se fazer teatro, hoje? E o capital social inerente à arte tem sido reconhecido pelas estruturas da sociedade? E a questão da representatividade política dos artistas e técnicos que papel tem ocupado nesta cadeia? Muitas perguntas, poucas respostas práticas.


"Eu não sou teu, não te mereço, você não me merece, 
esse imundo cubiculo nao cabe essa historia"
foto: Rogério Alvez
A saída para muitos tem sido criar projetos de resistência, a exemplo do Coletivo de Teatro Domiciliar criado por algumas companhias e que vem realizando encenações dentro de residências ou as iniciativas de grupos e companhias que constituem suas sedes e as transformam em espaços para apresentações ao público, a exemplo da Fiandeiros e de O Poste, dentre outros. Não tem sido fácil ser encenador ou ator em uma cidade como o Recife com poucas opções de trabalho e raras possibilidades para uma experimentação mais apurada, para um projeto mais ideológico ou mesmo para o desenvolvimento de estratégias de encenação ou atuação. Também não há casas de espetáculos suficientes e as que existem estão fragilizadas em estrutura e política de ocupação.

Para não ficar refém dessas armadilhas ou para tentar suplantar este estado de coisas resolvi tomar uma atitude um pouco radical, montar um espetáculo para poucos espectadores, com muitos atores e técnicos e nenhum real. E me dispus a pesquisar alternativas, inclusive em relação ao tipo de espetáculo, seu enfoque e abordagem.

As Primeiras 
providências
"Uma vez por semana, os vinte e cinco homens
tinham direitos a receber visita de parentes"

foto: Rogério Alves
Concomitante a pesquisa referente ao que seria a experiência listei 50 atores e comecei a etapa de diálogos sobre as minhas inquietações e o desejo de montar um espetáculo sem produtor, autônomo, sem data para estrear e sem recursos financeiros. Chamei esta etapa de conversas de Proposta Indecorosa, fazer arte sem perspectiva alguma de sobrevivência material. Uma grande contradição de minha parte, mas sabia que somente quem tivesse condições toparia fazer. Já conhecia a obra de Plínio Marcos, havia dirigido nos anos 80 o seu texto Jesus Homem e relendo alguns textos reencontrei o livro Inútil Canto e Inútil Pranto pelos anjos Caídos, e neste o conto Em Osasco que narra sobre 25 homens presos em uma cela onde só caberia 8 homens. Pronto. Tinha um mote, uma metáfora, marginais sem lugar, sem individualidades, sem representação, sem política, sem possibilidade de expressão. Estava definido o mote. Durante anos trabalhei com artes no sistema penitenciário de Pernambuco quando estive atuando junto a Federação do Teatro de Pernambuco, Feteape com os Projetos Coringa e Alvará de Expressão, estava diante de um universo que conheço razoavelmente, foram mais de 10 anos lidando com esta realidade. Parti então para a consolidação do elenco, de alguns técnicos e de compositores, porque também houve a decisão de contar com uma trilha sonora original composta para a encenação. No dia 04 de maio de 2014 aconteceu o primeiro encontro do elenco. Alguns não conseguiram manter-se no processo, surgiram outras possibilidades de trabalho, outros porque não tinham condições ou vontade de assumir tal compromisso. E começaram os trabalhos práticos que estenderam-se por 11 meses e 21 dias.

A Primeira estreia: Temporada de Processo – Notações.
"Criminosos... Somos todos criminosos!
foto: Rogério Alves
Entendam Temporada de Processo como sendo uma etapa, um lugar inacabado, um estágio das vivências, um espetáculo em fase de experimentação, um jogo de convivências, uma equação de desejos, caminhos para a cena, um quebra-cabeças, um mosaico, uma colcha de retalhos, um jogo onde todos estão presos, uma história não escrita regularmente, estilhaços. O todo e a solidão década um, uma cadeia de relações. Confissões. A palavra pendurada, instável, sensação de dor e odor. Na nossa cabeça todos estão mortos. Estão? Sol e não-sol, sal e não-sal. O corpo mídia, o corpo suporte dos sentidos. Perder-se em palavras. Negação e nojo da palavra. O que une e separa. A espera. O tempo. Um Sistema, o sistema. Jogo de aproximação e de enfrentamento.  Querer e repulsar. Animais em disputa, em mina de amor. Os desejos. Não há nenhuma certeza. Cada um tem sua prisão. O olhar dos outros sobre os presos. Somos a última coisa depois do nada. Uma visão de força. Cada um tem sua prisão. Cada um, cada um. Anunciação. Homens comuns. Intermitentes. As pragas da pele e da mente. Ensaios sobre o amor, sobre a dor, sobre a força. Um mercado aberto em nome de Deus. De Deuses. Inútil espera para um nuevo tango. Reduto de patriotas fugados, códigos de amantes tatuados. O peso do tempo na zona autônoma temporária do anjo incestuoso. A cela. Nossa Senhora Maria dos Anjos perdida. O poder da força. Um lugar sem donos, com líderes falidos, artimanhas parasse manter, um território ébrio porque o que importa é apenas estar, sob qualquer condição. Viva o todo poderoso homem.

"E o dinheiro subornava! Estão sentindo, estão?"
foto: Rogério Alves
Temporada de Processo cansa, é desconfortável, demora, precisa de paciência.
Neste processo o espectador pode sair, tomar água, ir ao banheiro do camarim, sentar no chão, deitar-se onde quiser, dormir, mudar de lugar, atender o telefone, fotografar, falar ao zap, falar com os atores, alongar-se, entrar em cena, cantar junto, dizer poemas, não fazer nada, gritar.  
Neste processo todos estão trabalhando de graça, não porque não precisem, mas porque a cada dia está mais difícil sobreviver da arte do Teatro em Pernambuco, terra de muitos e de poucos.


"Escapar, escapar... Implorem, implorem... pela liberdade!"
foto: Rogério Alves

José Manoel Sobrinho
– Provocador do Processo.