No programa oficial do 17º Festival
Recife do Teatro Nacional, realizado pela Fundação de Cultura Cidade do Recife
está publicado um texto em homenagem a Valdi Coutinho, assinado por José Manoel
Sobrinho, diretor dos espetáculos SISTEMA 25 e Como a Lua, ambos participantes
da programação, motivo pelo qual o transcrevemos a seguir associando-nos à
justa homenagem.
“VALDI COUTINHO EM CENA ABERTA ESTE
ANOS”
Meu querido Valdi Coutinho
Sei que muitos gostariam de ter a
oportunidade de escrever sobre e para você, como estou fazendo agora e por isso
quero agradecer a Prefeitura do Recife porque terei a chance de falar-lhe sobre
como todos nós somos gratos a você e como estamos em festa por essa homenagem.
Um Festival de Teatro merece ser
lembrado pelos valores que agrega, e homenagear você, Valdi, significa
reconhecer a importância de um dos artistas e profissionais da comunicação mais
significativos para este Estado. Como nos faz falta a leitura dos seus textos
nas páginas dos jornais com suas análises provocantes, suas notícias
atualizadas, sua força crítica. Como faz falta ler seus comentários. Qualquer
pesquisador da História do Teatro Pernambucano inevitavelmente passará pelos
seus escritos, publicados na imprensa de Pernambuco, principalmente na sua
coluna diária, Cena Aberta, do Diário de Pernambuco. Um profissional que
escrevia sobre tudo, sem nunca deixar de ressaltar suas opiniões sobre os
fatos, muitas vezes em absoluta exposição pessoal por causa de sua sincera
abordagem. Aliás, as provocações eram muitas.
Você foi presidente do Teatro
Ambiente do Museu de Arte Contemporânea de Olinda, nos anos 70 ( auge e
efervescências política da cidade), depois, Diretor de Cultura de Olinda.
Colunista teatral, mas que pensava sobre dança, música, artes plásticas,
política cultural, gestão pública; Você, uma liderança política ligada ao
movimento organizado da arte e da cultura que compôs o grupo de trabalho para o
surgimento da Federação do Teatro de Pernambuco – Feteape, tendo sido seu
secretário, quando este era um dos movimentos mais importantes do país;
repórter esportivo do Diário de Pernambuco, tendo acompanhado 3 copas do mundo
de futebol; artista plástico (saudade dos seus quadros, seus desenhos a bico de
pena), carnavalesco (saudades de sua casa da Ladeira 15 de Novembro, de Olinda
e do nosso A Lira das Mimosas), criador do Baile dos Artistas (juntamente com
Marcos Siqueira), dramaturgo, ator (excepcional, muitas risadas com Dona
Custódia Arroubas de Os Mistérios do Sexo), professor e diretor, foi
responsável pela origem de muita gente no teatro local. Assim como eu,
originário do Teatro Experimental de Olinda, importante grupo de teatro criado
por você, nos anos 70.
Você construiu e coordenou relevantes
projetos, como o Projeto Teatro Comunitário, Protec, em parceria com a
Companhia de Habitação de Pernambuco (COHAB) abrindo espaço para muitos jovens
em Recife, Olinda, Igarassu e Arcoverde se dedicarem a prática do Teatro. Minha
primeira viagem a Arcoverde, em 1977 foi em sua companhia; nunca mais deixei de
ir lá.
Nos anos 90, Valdi dedicou-se a
função de professor de teatro com atuação junto a Arteviva, para a formação de
jovens artistas que hoje atuam na cena local e nacional.
Desculpe me utilizar de um espaço tão
público e oficial para falar de maneira tão íntima, mas foi a forma que
encontrei para declarar o meu amor por você, Valdi, e de, em nome de todos
agradecer pelos anos de dedicação, transpiração e trabalho e, também para
lembrar ao Recife que você continua sendo um dedicado parceiro porque todo mês
o Jornal A ribalta nos chega assinado por você, sob a chancela do Sated-PE.
Dedicar este Festival a você, Valdi,
é prestar uma homenagem ao trabalho, à festa da arte, à resistência e à
coragem. Se tivesse que sintetizar você em uma palavra, seria Superação, mas
você é múltiplo.
Um forte abraço,
José Manoel Sobrinho.
Novembro de 2015